Ano: 1968
Perninhas balançando em um banco, mal os pés alcançavam o chão.
Mamãe saía vender roupas e eu ficava no parquinho.
Me lembro como se fosse hoje, aos meus 5 anos de idade, disse para Dona Matilde, minha professora:
-A senhora me ensina a fazer roupa de boneca?
Ao que ela carinhosamente respondeu
-claro, me traz retalhos!!
Começava ali a minha caminhada e o fim do sossego da minha mãe.
Eu já não queria ficar mais brincando quando podia ir com ela pra São Paulo

e ganhar muitos retalhos nas lojas, e

pra desespero dela esquecer as agulhas na cama...
Entre linhas e retalhos era minha diversão, era minha missão,

que eu recebia tão docemente do pai celestial.
As perguntas eram frequentes pois a curiosidade e

a vontade de aprender mais e mais e mais não me deixavam quieta.
Eles respondiam as minhas perguntas,

me lembro de perguntar ao meu pai como se cortava uma calça...

ele gentilmente respondeu sem muitos detalhes com aquele linguajar infantil...

e eu entendi na hora!! Era tudo muito fácil!
E com o passar do tempo e muita insistência minha mãe permitiu que eu costurasse naquela maquina Singer de pedal, que pra mim era o maximo!
Pronto! Tudo tinha se tornado ainda mais fácil e rápido!
E os anos foram passando e cada vez eu sentia mais vontade de aprender.
Não precisava de escola pois para tanto já tinha todas as respostas na cabeça e elas iam aparecendo conforme a demanda.
Aos meus 20 anos comecei a fazer bonecas de pano, tínhamos muito pouco, foi uma época muito difícil, mas não tinha preguiça e aos meses de junho, naquele frio,

com a minha barraquinha ia vender as bonecas na quermesse.
Ano de 1985 não entendia muito bem sobre negócios,

mas sabia que o que eu queria era estar próxima dela -

Minha máquina Singer já elétrica que ganhei do meu pai e

a overloque verdinha que tinha ganhado de meu irmão.
Quando estava costurando não sentia nem fome...
Me lembro de emprestar 70,00 (cruzeiros eu acho) onde comecei a ganhar dinheiro e
aos 25 anos já tinha uma loja que montei de sociedade com minha cunhada Elza.

Eu costurava e ela vendia. e assim foi por alguns anos .
Os sonhos começaram a ficar grandes e logo montei uma pequena fábrica de

roupas infantis onde fiquei por 5 anos quando fui interrompida por um acidente.
E nessa época, fui convidada para fazer um uniforme de fanfarra e

quando fiz fiquei apaixonada pelo requinte, pela formosura de cada peça.

Porque aquilo despertava em mim a criatividade e

era ali que eu ia colocar pra fora toda paixão pelo mais difícil, pelos desafios.
As pessoas não acreditavam muito que poderia dar certo aquele negócio, mas dentro de mim eu tinha tanta certeza, pra mim era tão certo, porque sabia de todo conhecimento acumulado durante anos, sabia que eu já tinha know-how para colocar um site no ar e esperar os pedidos e certamente o reconhecimento do bom trabalho.
Enquanto isso não acontecia, fui trabalhando e aos poucos aprendendo mais e mais sobre o mundo das corporações musicais.
Mas eu precisava daquela janela para o mundo, mas não sabia exatamente por onde começar, quando meu filho me disse: mãe, eu não sei se isso vai dar certo, mas vou montar um site pra você.
Quando isso aconteceu, na mesma semana já fui contratada para executar um trabalho em outro estado e depois disso minha vida nunca mais foi a mesma.
De banda em banda, de cidade em cidade, de estado em estado fui conquistando amigos e clientes, conquistando respeito.
Hoje a Jotagê creative é um nome forte e respeitado no mundo das corporações atendendo todo território nacional e exterior.
E a vontade de aprender não parou, a empresa cresceu e com o crescimento vieram as pesquisas e a evolução dos materiais, tecnologia e aperfeiçoamento no trabalho

E nesse ano de 2018 comemoro também os 50 anos de dedicação, aprendizado, conquistas e também alguns tropeços.
Isso tudo mostrou, tanto para mim, como para muitas pessoas que um sonho pode virar realidade, mas para isso tem que colocar o coração na frente. Dar o melhor de si porque o resto só será consequência.
Fico então com as palavras de Confucio:
“Escolha algo que goste de fazer e nunca terá que trabalhar um dia em sua vida”
E assim são os meus dias, criando, modelando, aperfeiçoando. Isso não é trabalhar...
Isso é viver!